CLIENTE: O CABRA DA PESTE

Atender esse cliente foi muito bom.
Meio que entendi, de uma vez por todas, o porquê de o casados me procurarem.

Trocamos contato no UOL, e desde o primeiro momento ele me disse que estava muito nervoso.
Esse nevosismo ante o novo é super compreensível: o cliente não me conhece, não conhece o local, as vezes não conhece a técnica e o contato por telefone é sempre muito frio, embora eu tente ser atencioso, educado e procure tirar TODAS as dúvidas.
Pois bem, a massagem desse cliente estava marcada pras 16h e ele estava em dúvida até o último minuto.
Inseguro, essa é a melhor palavra.
Até que tomou coragem e veio. Essa relação com a coragem é muito de cada um.
Há quem venha tranquilamente. Há quem tenha suas barreiras.
Há quem curta a ansiedade antes do novo. Há quem não suporte a idéia de passar da minha porta.
Ou seja, medo e coragem é muito particular.
Mas afinal, medo pra que?? Coragem pra que??

Até que ele chegou: Quase chegando nos 40, estatura mediana, grisalho, peitoral definido saltando da camiseta apertada, ombros largos, braços fortes, corpo de quem malha, bermuda xadrez, chinelo artesanal bem típico de um cabra da peste. Ou seja, o casado tinha um conjunto da obra bem bacana.
E aliança lá. Reluzindo no dedo.

"Caralho, eu tô muito nervoso! Coração tá saíndo pela boca!"
Eu disse: "Rapaz, tenha calma! Vc só vai fazer uma massagem. Tenha calma."

E ele ria, aquele sorriso amarelo de quem queria ficar e quem queria ir embora.
Mas ele ficou.
Enquanto eu o preparava com álcool em gel, hidratante, ele me fez umas declarações que abriram um leque de certezas pra mim, e uma delas é que, OS CASADOS BUSCAM NA MASSAGEM UMA VÁLVULA DE ESCAPE DE UMA FORMA MUITO DISCRETA.

Creio que,  para alguns deles, buscar um garoto de programa, é tarefa impensada, fora de cogitação.
Talvez os garotos de programa denunciem homossexualidade, prostituição, pulada de cerca, não sei!
E a massagem, é uma terapia. Um momento pra relaxar. Um álibi pra curtir um prazer, tb momentâneo, de forma intensa e prazerosa, mas só o fato de ser não prostituição, de não haver penetração, de não pegar na rua, na sauna, na porta da boate... Isso já dizima qualquer culpa interior.

As palavras seguintes não são minhas, mas do cliente:

"Vc entende meu nervosismo?? Vc sabe. Eu sou casado. Tenho mulher e filhos. Mas tem esse lance da coisa mal resolvida, de querer estar na presença de um cara bacana, curtindo algo bacana tb. Daí eu faço uma loucura dessas que é tá aqui. Estar aqui é muita loucura. Eu faço isso uma vez perdida e quando faço... caralho, é bom demais. Essa coisa de ser casado, mas de aproveitar essa oportunidades é muito louco pra mim. Vá com calma, que eu sou um cara  lá do interior, do interior, do interior, cheio de reservas ainda, mas que sinto esses desejos, vc me entende??

Nossa! Ouvir esse desabafo, triplicou o respeito pelos casados. Não só pelo casados, mas por todos. Pelo universo e vida tão particulares de cada um.

O que sei é que caprichei na massagem desse cliente.
O que ele queria, na verdade, não era o gozo, a massagem.
Ele queria estar nu, na presença de um homem igual a ele, sem reservas e sem grilos.
Recebendo toques, sendo estimulado, sentindo prazer.


Diante de toda a confiança nas considerações e no desabafo, era inevitável que eu desse o meu melhor.
E o principal motivo, foi o fato dele ter confiado essa momento de tamanha privacidade a mim.

Ele foi estimulado sim, nas nádegas, ânus e região prostática!
A frase que ele mais repetia quando estimulado no pênis, foi: "Caralho, isso é bom demais!!"
Gemia de colocar a mão na cabeça.
Repetia várias vezes pra eu não parar e gemia alto.

Esse cliente, ejaculou um rio.
Foi tanto que tive que desviar do meu peito.
Não sei se pela massagem, ou pelo tempo sem gozar.
Só sei que era muito esperma, e claro, foi um gozo demorado.

Em momento algum , ele sugeriu sexo.
O que ele queria era estar ali, do jeito que estava. Tocando e sendo tocado numa tarde de quarta-feira, depois de uma outra consulta com a dermatologista.
Esse cliente me deixou excitado demais.
Não pelo corpo... nada disso. Corpo já não me seduz mais. Vi muitos.
Esse cliente me excitou pela história, pelo motivo que o trouxe aqui.

Missão cumprida.
Ganhei mais um cliente e um abraço de "novo amigo".
No final da sessão, ele estava solto. Infinitamente mais calmo. Era outro.
Enquanto, ele se vestia depois do banho eu perguntei:
"Valeu a pena??"
E ele respondeu que "ainda tá valendo!"

Aí é só correr pro abraço.
Definitivamente, eu não estou aqui pra brincar!!

E vc??
Quando vai marcar sua massagem comigo??

Ricardo